22/12/2005

TRADUZINDO O ECONOMEZ

   

O que nos espera em 2006

 

Há horas estou tentando fazer um curso de adivinhações. Até acredito que dentre dez predições, posso acertar uma ou duas talvez. A estatística está aí para confirmar que ela só garante tendências. Falando em tendências para 2006, podemos imaginar alguns cenários.

Na área política, os partidos de oposição vêm trabalhando (não muito fortemente) na campanha política – todos eles desarticulados, jogando lixo do passado e do presente. Daqui a pouco, os partidos vão encontrar alguém que nunca emitiu um cheque, nunca casou, nunca fez nada neste mundo fiscal confiscador, e até vão achar. Lançam o candidato com a ficha limpa e parece que tudo está resolvido. O resultado possivelmente será uma pessoa bondosa, sem mácula, pura, cheia de boas intenções mas sem atitudes, sem organização, sem visão de futuro, preocupado com o salário do presidente.

Por outro lado, encontramos os aventureiros, que se lançam para depois vender a sua desistência, como acontece por aqui. Dizem que são candidatos, depois, por algum favor, cedem o espaço a quem tem mais cacife para competir e ganhar as eleições – e altos preços.

Mas também tem administradores públicos competentes, bem intencionados, comprometidos (não perfeitos), que podem fazer muito para um país. Estes não se vendem e talvez tenham mais dificuldade de atingir uma eleição. Tudo isso porque a cultura do eleitor está baixa. O colégio eleitoral é disperso e centrado na pobreza. O sul tem outra visão, por isso, dificilmente pesará nas eleições presidenciais.

Na economia para 2006 pouco muda, há não ser se tenhamos um fato externo ou mesmo interno relevante, como alguma guerra, catástrofe no país ou mesmo uma revolução interna. Como isso está longe para acontecer, o ano próximo será como está terminando, estável economicamente, mas com grandes mazelas sociais.

Há uma expectativa de aumento da circulação para o segundo trimestre de 2006, com nivelamento do dólar aos preços correntes e leve diminuição nos juros da taxa Selic, que regula o spread bancário. Haverá também a tendência do aumento do compulsório bancário, retirando ainda mais dinheiro do consumidor. Isso equivale dizer que os juros sobre cheque especial ficará no mesmo, e que do portifólio de produtos bancários de empréstimos, serão focados na agricultura (por obrigação do depósito da poupança) e no cheque especial, pelo desinteresse dos bancos na mudança do perfil da dívida do consumidor.

Grandes projetos com dinheiro subsidiado do BNDES continuarão, bastará que os interessados se habilitem – habilitar-se quer dizer “ter cadastro e boa capacidade de devolver o recurso”.

Vejo 2006 um bom ano para a indústria moveleira. Mais competitiva é verdade, mas mais racional, com foco em produtividade e venda de soluções integradas, principalmente para o pequeno industrial. Ser especialista servirá para grandes demandas. O conceito agora é solução integrada.

Por fim, o comércio ficará cada vez mais seletivo. Com a diminuição preços dos produtos de tecnologia massificados, a margem cairá também. O comerciante terá que vender muito mais para ter o mesmo resultado. Portanto, abrir guerra aos custos. A rotatividade dos empregados em substituir grandes salários por estagiários ou menos qualificados continuará. Quem não agrega valor, agrega custo – e este, está fora. Toda a atenção na qualificação profissional. Aos 50 anos, desempregado e sem algo a agregar, vai ser mais um na informalidade – biscateiro.

Enio Gehlen – Economista e Contador
GEHLEN CONSULTORES
http://www.gehlenconsultores.com.br

 

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